quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Petralhas querem imitar Hugo Chávez


Na semana passada, Chávez decidiu por uma megadesvalorização do bolivar forte e criou taxas de câmbio diferentes para cada tipo de produto. A notícia soa familiar? Para quem conhece a história econômica do Brasil, tais atos são meras repetições de um passado bisonho e maluco. Até pouco tempo atrás (em especial, na década perdida de de 1980), as crises do balanço de pagamento eram "tratadas" inutilmente por meio de maxidesvalorizações cambiais (que contribuíam apenas agravar o problema da inflação, já que nunca conseguiam ter efeito real). Já as múltiplas taxas de câmbio remetem ao governo de Vargas, que, por meio da Lei do Mercado Livre e da Instrução 70 da Sumoc, tentou manipular a taxa de câmbio de forma a estimular a economia e controlar a inflação. Inoportuno dizer que tal política foi um fracasso.

Posto isso, o que lemos nos jornais? Economistas petralhas defendendo uma taxa de câmbio "adequada" para as indústrias exportadoras. Para eles, Chávez é o exemplo a ser seguido. Infelizmente, eles se esquecem de que a economia pune os maus gestores. E para o azar deles (ou a nossa sorte), a história não se importa em delatá-los.

Chávez desvaloriza moeda em 100%

Presidente venezuelano cria dois tipos de câmbio para setores considerados prioritários e não prioritários

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou ontem uma importante reforma financeira que desvalorizou o bolívar forte, a moeda do país, e estabeleceu tipos de câmbio distintos para setores considerados prioritários - como alimentação, habitação, saúde e educação - e não prioritários.

O bolívar forte estava em 2,15 por dólar no câmbio oficial desde 2005. Para negócios que envolvam o setor prioritário, a cotação passou para 2,60 por dólar. Para itens não essenciais - como automóveis, tabaco, bebidas, telecomunicações, produtos químicos, petroquímicos e eletrônicos -, o bolívar será cotado a 4,30, uma desvalorização de 100%.

O câmbio na Venezuela é controlado pelo governo. O país adotou o sistema de câmbio fixo em 2003. Em janeiro de 2008, foram cortados três zeros da antiga moeda, o bolívar. Esta é a quarta desvalorização em sete anos.

Apesar de proibido e punido com pena de prisão e perda dos valores envolvidos, o câmbio paralelo chegou a pagar 7 bolívares fortes por dólar, aumentando os preços e a inflação no país. A simples divulgação da cotação da moeda no câmbio paralelo é considerada crime. Chávez disse que o Banco Central e o governo intervirão no mercado paralelo para evitar a especulação, mas não deu detalhes da estratégia. Chávez afirmou que o controle do câmbio chegou para ficar, pois "os dólares são para o povo e não para comprar carros e uísque".

O presidente informou que as novas taxas entrarão em vigor imediatamente e ressaltou que as as medidas buscam "dar novo impulso à economia produtiva, conter as importações que não são estritamente necessárias e estimular a política de exportação". Após quase cinco anos de crescimento contínuo, a economia venezuelana enfrentou um forte retrocesso no ano passado ao registrar uma queda de 2,9% com relação a 2008.

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