domingo, 24 de janeiro de 2010

Uma crítica aos jornalistas
















Um estimado professor uma vez definiu o jornalista econômico: "aquele que apenas vê os fatos, mas não entende de que forma funciona o sistema". A frase é perfeita. O indivíduo pode passar anos lendo índices financeiros, indicadores econômicos e outras estatísticas. Porém, sem uma base teórica por trás, nunca será capaz de realizar uma análise independente de uma opinião mais precisa. Vejamos o caso da Miriam Leitão. É uma jornalista competente, que lê e entende as estatísticas econômicas. A despeito disso, em seus textos, ela sempre procura a ajuda de economistas para embasar suas ideias. Ela não o faz por mera conveniência: é a necessidade. Décadas como uma jornalista especializada em economia não criam um sólido alicerce teórico. Até que haja alguma grande revolução, livros e salas de aula não podem ser substituídos.

O preâmbulo que acabei de escrever tem como motivação a manchete do caderno de economia do jornal "O Globo" do dia 21 de janeiro de 2010. Na reportagem, as jornalistas Martha Beck e Vivian Oswald, devido à completa falta de conhecimento econômico citada anteriormente, cometem um erro capital. Segundo o seu pensamento simplório, "para conter pressão de demanda, plano é reduzir tributos (...)".  Assim, as jornalistas, inocentemente, creem que a redução de carga tributária resulta em um alívio na inflação. Para uma criança de 10 anos que lê a reportagem, o raciocínio está OK: menos tributos, menos impacto nos preços. Porém (e é aí que entra a importância da teoria econômica), tal afirmação é um total ABSURDO, pois a redução de tributos é uma medida de expansão fiscal. Sendo assim, a demanda será estimulada e os preços ficarão ainda mais pressionados.

Para quem quiser ler (ou rir), colei parte da reportagem abaixo:


Governo se arma contra inflação
Publicada em 20/01/2010 às 23h50m
O Globo


BRASÍLIA - Apesar do discurso otimista, o governo está se armando para neutralizar pressões inflacionárias que possam comprometer o desempenho da economia em 2010. É o que mostra matéria de Martha Beck e Vivian Oswald, publicada nesta quinta-feira, no GLOBO. Serão usadas, por exemplo, ferramentas tributárias para equilibrar o efeito da demanda aquecida.


Para conter aumentos de preços, o governo tem na manga, a partir de simulações, a possibilidade de mexer nas alíquotas de tributos regulatórios, como a Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico (Cide) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).


A ampliação da lista de itens que podem ser importados com alíquota zero também está no radar. A manutenção das alíquotas reduzidas de IPI nos produtos beneficiados por desoneração na esteira da crise - como linha branca, carros e móveis - é outra alternativa.


Leia mais: Meirelles:economia brasileira está na melhor posição já vista
Pelas contas da Fazenda, a economia tem condições de crescer 5,2% este ano dentro de um cenário em que a inflação fique no centro da meta, que é de 4,5%. Ainda assim, a ordem dentro do Ministério da Fazenda é agir a todo custo para não dar ao Banco Central (BC) motivos para elevar as taxas de juros e, com isso, puxar o freio de mão do crescimento este ano.


A preocupação do governo é que as expectativas de um aumento muito elevado no Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) - alguns economistas falam até em mais de 6% - sejam vistas como uma expansão não sustentada, ou seja, que gera inflação.


Esse foi um dos temas da reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do BC, Henrique Meirelles.


Desde segunda-feira, quando voltou de férias, Mantega tem apresentado ao presidente as estimativas da equipe econômica para o crescimento em 2010, ressaltando que a Fazenda não vê risco de pressão inflacionária para o ano.

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