terça-feira, 29 de setembro de 2009

O contrassenso das Olimpíadas


Jornal do Brasil, 29 de setembro de 2009: Jogos vão gerar 2 milhões de empregos. Encomendado pelo Ministério do Esporte, estudo da Universidade de São Paulo prevê que, se for escolhido cidade-sede da Olimpíada de 2016, o Rio contabilizará mais de 2 milhões de empregos até 11 anos depois das competições.
Comento: na mesma reportagem, a previsão de investimentos é na ordem de R$ 30 bilhões. Uma das perguntas favoritas dos brasileiros é "por que não existe dinheiro para saúde e educação?". Não é preciso procurar muito para achar a resposta. Caso seja escolhido, o Brasil terá de arcar com uma pesada dívida, que prejudicará ainda mais a sua frágil situação fiscal (a dívida pública bruta está perto de estratosféricos R$ 2 trilhões). Outro fato lamentável é que a transferência de bilhões de reais para um ente rico como o Rio de Janeiro é um completo contrassenso a uma das principais razões da existência de um Estado - a promoção de ajustamentos na distribuição de renda. Qual é a lógica de se repassarem recursos de tributos arrecadados de estados pobres, como Acre e Roraima, ao seu primo rico do sudeste? É a antítese da função de um governo. Sobre as externalidades positivas, não se deve usar o argumento da criação estimada de 2 milhões de empregos. Não é papel de um governo sintetizar empregos. Este deve apenas garantir um ambiente tranquilo e seguro para a iniciativa privada se desenvolver. Será esta última que promoverá a geração de trabalho. Qualquer medida em prol do emprego incisiva e intervencionista, como a imposição de uma Olimpíada no país, gerará custos imensos ao bem-estar do brasileiro. Ao setor privado o que é do setor privado.

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