sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O mito do "neoliberalismo" nos anos 80

Um dos argumentos preferidos dos críticos do capitalismo é o suposto efeito que políticas "neoliberais" provocaram na economia brasileira da década de 80. Segundo eles, o "neoliberalismo" foi o grande responsável por anos de estagnação econômica.

Vamos por partes. Usei as aspas ao me referir ao tal "neoliberalismo" porque este termo não faz o menor sentido. "Neo" é um prefixo para "novo". O "neoliberalismo" não traz nada de inédito. Tudo o que os ditos "neoliberais" defendem nada mais é que aquilo que Adam Smith, há mais de 200 anos, escreveu em "A riqueza das nações". Esse termo foi cunhado por críticos raivosos, na estúpida tentativa de debocharem dos liberais.

Voltando ao tema do post. Um dos maiores mitos da economia brasileira é a "culpa" que o senso comum dá a algumas políticas liberais que o Brasil adotou nos anos 80 e que, teoricamente, teriam arruinado o crescimento econômico. Doce ignorância. Em uma tacada só, os críticos do capitalismo isentaram-se de sua responsabilidade e inverteram a cadeia de causalidade, transformando as ações corretivas liberalizantes em vilãs.

Por décadas, o Brasil escolheu um modelo de industrialização baseado em participação direta do Estado no suprimento de infra-estrutura econômica e em alguns setores considerados prioritários; grande proteção à indústria nacional, por meio de tarifas e barreiras não-tarifárias; e fornecimento de créditos subsidiados. A forma de financiamento foi o endividamento interno e externo, além da expansão da base monetária.

Tal estratégia foi extremamente custosa para o Estado. Em decorrência da sua implantação, o modelo de substituição de importações gerou um aumento absurdo da dívida pública, uma intermitente hiperinflação, um imenso desequilíbrio das contas externas e, por consequência, anos de estagnação.

Era justamente quando a economia chegava ao total caos, como nos anos 80, que se recorria às políticas ditas "neoliberais", na tentativa de se reparar todo o dano que as políticas industriais haviam causado. Ironicamente, foram as práticas corretivas que acabaram recebendo toda a culpa.

O mito do "neoliberalismo" nos anos 80 é um exemplo de como uma informação pode ser manipulada a ponto de se inverterem os papeis de cada ator. Responsabilizar o liberalismo pela crise econômica é como o covarde que nega a própria culpa. Com o agravamento de enganar milhões de pessoas.

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