quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A internet está criando novos bens públicos?

Os teóricos econômicos definem bens públicos como aqueles não-disputáveis (ou seja, consumidores adicionais não geram novos custos) e não-exclusivos (as pessoas não podem ser impedidas de consumi-los). O exemplo clássico é a defesa nacional, já que ninguém pode ser excluído de usá-la e o custo de um consumidor a mais é zero.

Dito isso, voltemos à pergunta do título. A internet está criando novos bens públicos?

MP3, .avi, .mkv e afins

Comecemos com o caso dos arquivos de música e vídeo. É prática extremamente comum da juventude atual baixá-los irrestritamente sem pagar um centavo. Seriam eles não-disputáveis? Bem, há o custo de oportunidade das gravadoras. A cada clique, elas deixam de ganhar uma quantia considerável de dinheiro. Porém, do ponto de vista da produção, não existe custo adicional de se "sintetizar" um arquivo musical a mais. O ambiente é virtual.

E a propriedade de não-exclusividade? Com a massificação da internet, tornou-se praticamente impossível controlar as transferências de músicas e vídeos. Excluir um consumidor é uma tarefa colossal. Talvez Cuba ou China algum dia consigam, com seus filtros de navegação e censura explícita.

Como vender uma notícia?

Outros produtos que ganham ares de bens públicos são os jornais e as revistas. Uma visita aos seus sites oficiais dá um panorama da situação. As notícias são gratuitas e acessíveis para quem quiser lê-las. Além disso, o fato de haver um leitor a mais não gera custos adicionais. Há claramente uma mudança no paradigma de comercialização do jornalismo. Até agora, não se achou um modelo rentável para a venda das notícias pela internet.

Prejuízo e falência

Como consequência do efeito irreversível da internet sobre os produtos citados, não é surpresa ver que as gravadoras e as empresas de mídia estão em situação financeira cada vez mais crítica. Elas são um exemplo bem claro de como a falta de planejamento e organização afeta os rumos das indústrias. Como não souberam reagir a uma situação nova, essas empresas pagaram pela própria incompetência. Culpar simplesmente a pirataria ou a falta de um modelo rentável é como reclamar de um avião perdido por ele ter partido na hora marcada.


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