
Keynes, um cara muito sagaz e persuasivo, foi capaz de mudar toda a concepção centenária e enraizada europeia, que valorizava o trabalho e a poupança. Mesmo num ambiente conservador e homofóbico por definição, ele, um gay discreto, com palavras delicadas e uma lábia avassaladora, conseguiu introduzir no pensamento econômico ideias polêmicas e radicais. Como Ubiratan Iorio bem disse, Keynes inverteu a lógica da fábula da formiga e da cigarra: os governos agora deveriam seguir o exemplo da cigarra, gastando sem se preocupar com a poupança. A trabalhadora e honesta formiga, coitada, havia virado a vilã da história. A poupança tornava-se um mero detalhe na formulação das políticas econômicas.

Longe dos ares ingleses, foi na poluída Nova York que Keynes atingiu o seu apogeu. Na crise de 29, o New Deal foi concebido com o pensamento keynesiano. Seduzido pela facilidade e comodidade das sugestões de Keynes (aumento dos gastos públicos), o governo americano consolidou definitivamente a teoria keynesiana no mundo. Iniciou-se a farra dos gastos públicos, que teoricamente tirariam a economia da recessão e a levariam para o crescimento. O fenômeno espalhou-se pelo mundo. Não foi por mera coincidência que, décadas depois, um infindável número de países passou a sofrer crises de estagflação, falências fiscais e instabilidade econômica. Grande Keynes!
Não obstante todas as pérolas até agora citadas, Keynes não havia se dado por satisfeito. A cereja do bolo de sua teoria é até hoje o maior mistério da economia: a busca pelo pleno emprego. Junte 10 economistas e pergunte-lhes como que se chega lá. Ou melhor, pergunte a sua definição. Não espere uma resposta honesta. Ela deve estar escrita em algum lugar da Bíblia. Apesar de toda a sua inconsistência, o pleno emprego é bem atrativo para os governos. É a melhor desculpa para o maior intervencionismo na economia. "Temos de gastar mais, intervir mais, cutucar mais, para a economia trabalhar no pleno emprego". Assim dizem os botocudos (pego emprestado este termo do Aluízio Amorim). "Como ninguém sabe direito o que é isso, as chances de alguém se opor devem ser menores". A PeTralhada continua.
Qual foi a herança de Keynes para o mundo? Sintetizo em duas palavras: DÍVIDA PÚBLICA. Pobres gerações futuras. Elas terão de arcar com a gastança pública e o intervencionismo cínico dos irresponsáveis de hoje. Pobre Brasil. Ter a economia nas mãos de PeTralhas, poodles do Lord Keynes, é o pior castigo que os seus filhos podem esperar.
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