
Convido o leitor a estudar o gráfico ao lado. Ele mostra o crescimento exponencial dos desembolsos e das aprovações do BNDES na era PeTralha da república. Os números são assustadores. Na comparação da estimativa de 2009 para 2003, o aumento dos desembolsos foi de quase 200%. Sem sombra de dúvida, o BNDES é um dos maiores financiadores a longo prazo do sistema financeiro. O que isso significa? Há claramente um efeito de substituição das entidades privadas pelo BNDES. Ou melhor, como o BNDES atrapalha a livre concorrência do mercado privado de financiamento de longo prazo no Brasil há décadas, na verdade, ocorre o impedimento do seu desenvolvimento . Os empresários estão atados à máquina pública representada por esse banco. Enquanto isso, recursos públicos que poderiam ser melhor utilizados na educação e saúde estão sendo desperdiçados no BNDES.
Os PeTralhas fazem questão de exaltar essa aberração econômica. Mas será que eles têm noção dos efeitos que os créditos baratos e artificiais têm provocado na estrutura da economia agrícola?

Bem, acredito que todos iriam estruturar a produção privilegiando o fator trabalho. Porém, com os bilhões que o BNDES disponibiliza, o capital acaba virando um recurso artificalmente mais barato. Os agricultores passam a produzir intensificando o uso do capital, em detrimento da mão-de-obra. Dois efeitos diretos esse fato provoca: 1) Impacto social. Grandes colheitadeiras e outros maquinários monstruosos empregam uma pequena mão-de-obra qualificada, excluindo uma grande massa de trabalhadores em potencial. 2) Custo alto. O Brasil, um país de trabalho abundante e barato, deveria estar estruturado com uma agricultura intensificadora em mão-de-obra. Ocorrendo o contrário, são elevadíssimos os custos financeiros para que o atual cenário da agricultura artificialmente construído se mantenha. A cada ano, são bilhões de reais despejados na agricultura. Não haveria uma melhor forma de se usar esse dinheiro público?
O BNDES atrapalha duplamente o país. Não obstante a distorção da economia, esse banco drena recursos escassos que poderiam ter um destino mais eficiente. O real desenvolvimento do Brasil depende de como as prioridades são postas à mesa. O BNDES claramente não deve ter o tamanho e a influência de hoje. É tempo de se discutir a validade de sua existência.
PS: para quem se interessar e quiser o ver o tamanho do elefante estatal na agroindústria, sugiro acessar este informe. Como a produção é do próprio banco, não espere uma análise neutra.
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